Todos os atendimentos,palestras,simpósios,oficinas e outros eventos, cobramos valores simbólicos.Nosso projeto é itinerante e com este sistema podemos atuar em todas as comunidades carentes do RJ.informando,educando, conscientizando. Nossa base é a psicanálise.nosso público alvo são as mulheres. Possuímos uma equipe multifuncional e qualificada. Psicanalistas,psicólogos,médicos,fisioterapeutas, assistentes sociais,terapeutas, fonoaudiólogos,enfermeiros,advogados,etc.
terça-feira, 29 de maio de 2012
Cabeleira*
- maramarina
Eu ando por aí com meu cabelo alto, africano crespo, rebelde natural,
Ameaçador aos lambidos, escovados, presos, embriagados em gel e cremes sem enxágüe, ideal para todos os tipos de cabelos.
Abaixo as presilhas!
Eu ando por aí de cabelos secos, soltos.
O mundo me olha por isso.
As crianças têm medo de mim.
Umas olham impressionadas: sou a mulher gorila do circo (Monga nas calçadas da grande cidade- não há truques).
Umas olham sorridentes: sou algum personagem, assistente de palco de programa infantil (roupas coloridas e uma peruca engraçada).
.
E meu cabelo cresce a cada passo.
Ele não cresce, ele incha a cada passo. Sobe mais. Eles olham mais.
E eu rio deles. De mim. De poder fazê-los rir. Sinto este poder.
Este e outros. O poder da autonomia. Da coragem e da liberdade.
Da transgressão.
De ser superior a algumas cabeças. De meu cabelo me fazer maior que eles.
Me diverte e me orgulha ser oportunidade para acreditarem na ilimitação do comportamento imprevisível.
Eu sou seu monstro.
Surgi calma, carregando um cabelo, que sobe a cada dois segundos.
Não sou uma louca de rua. Não sou mendigo. Não sou artista. Não sou um personagem. Não, não sou Monga, nem trabalho com a Vovó Mafalda. Também não sou hippie. Desculpe, não tenho licença poética para andar entre vocês tão à vontade.
. Sou uma menina que trabalha, descendente de África, que me deu cabelo duro.
Que o solta. Um cabelo que o vento não assanha, que a água não despenteia.
Ele não é penteável. Ele é independente de mim, de pentes, escovas, cordões ou cremes. Ele é invejável, não? Você gostaria de andar com ele?
Não com ele, mas com o seu, natural. Assumi-lo. Liso, em cachos, brancos, tingidos ou alisados. Como você o quer. Livre de conselhos e imagens de belas atrizes.
Você não é belas atrizes. Você é bela. Com seu cabelo.
. Amo as pessoas me olhando. Elas me divertem. Como são estranhas.
Como me estudam. Como me compreendem.
Admiram a dança dos fios com o vento.
Admiram eu não passar a mão para colocá-los no lugar. Mas é que eles não têm lugar.
E tento segui-lo. Tento ser ele meu guia. Transformar-me neste incontável número de fios libertos.
Eu ando por aí, coroada com esse meu cabelo “ruim” feliz, sendo invejada.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
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